Exportações devem se manter em alta em 2021

Entre os fatores que mais pressionam o preço da proteína animal está a exportação, que ficou aquecida durante a pandemia devido a uma elevada demanda dos chineses. Ao que tudo indica, essa tendência se manter em 2021, já que o país ainda não conseguiu se recuperar do surto de peste suína que levou ao abate de maior parte de seu plantel animal.

“Além disso, o custo baixo da proteína brasileira deve fazer com que a China permaneça como grande parceira”, afirma o relatório Cepea.

Mato Grosso, que tem representado 21% das exportações nacionais, segue se beneficiando desses pedidos, por ser o maior produtor de bovinos do Brasil.

“O câmbio também pode favorecer o setor neste ano, já que tende a manter as exportações elevadas. De acordo com o relatório Focus, divulgado pelo Banco Central (BC) nessa segunda-feira, 4, a perspectiva é de que a moeda norte-americana siga na casa dos R$ 5”, apontam os analistas.

Porém, a preferência dos produtores pelas exportações pode prejudicar as operações internas. Indústrias frigoríficas de Mato Grosso alertam que já há dificuldades nas tratativas de compra e venda do produto.

“O pecuarista está com medo de vender e o dono do frigorífico com medo de comprar. Tem dono de frigorífico afundando “assoalho” entre a sala do comprador e do vendedor, com certeza passando pelo departamento de custo. A conta não fecha e isso é a única verdade sobre a qual se faz consenso. Não há negócio estável tão pouco resultado pré-definido”, afirmou Paulo Bellincanta, presidente do Sindicato das Indústrias de Frigoríficos de Mato Grosso (Sindifrigo), em artigo divulgado nesta sexta (15).

O impacto das exportações nas indústrias tem um peso maior nas que atuam somente no mercado nacional. No ano passado, essas unidades tiveram que lidar com matéria-prima cara e demanda enfraquecida. Uma das razões foi a perda do poder aquisitivo da população, que acabou migrando para proteínas mais baratas, como ovos, frangos e suínos.