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Pecuária no Brasil produziu mais e melhor sem desmatar

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A pecuária brasileira produziu mais e melhor com a redução do desmatamento. Produziu mais carne por hectare e produziu menos gases de efeito estufa por quilo de carne. A depender do tipo de criação, “manejo”, é possível mesmo tirar carbono do ar.

Essas são algumas das conclusões que saltam dos dados do estudo “Cálculo da Pegada de Carbono e Hídrica na Cadeia da Carne Bovina no Brasil”. O trabalho é de Eduardo Pavão (engenheiro agrônomo), Roberto Strumpf (biólogo) e Susian Martins (engenheira agrônoma). Faz parte do projeto do Instituto Escolhas “Do Pasto ao Prato: Subsídios e Pegada Ambiental da Carne Bovina”.

O trabalho levantou a “pegada de carbono” do processo de produção de carne, da produção de insumos até o transporte para o mercado. A cadeia da pecuária de corte produz dióxido de carbono, metano e óxido nitroso. Para sintetizar o impacto ambiental, o efeito de cada gás é calculado em equivalentes de gás carbono.

De 2008 a 2017, anos sob estudo, o rebanho bovino de corte passou de 166,7 milhões de cabeças para 183,7 milhões de cabeças. A massa de carne, a quantidade de carcaça processada, cresceu de 6,6 milhões de toneladas para 7,7 milhões de toneladas no mesmo período. A área de criação passou de 139 milhões de hectares para 141 milhões de hectares.

Ou seja, para um aumento de cerca de 10% do rebanho e de mais de 16% no processamento de carne, foi preciso um aumento de menos de 2% na área de criação. Melhor ainda, houve uma redução da emissão de gases de efeito estufa por quilo de carne.

Embora o impacto ambiental dos sistemas de manejo apresente diferenças enormes, o aumento notável da eficiência ambiental (em emissão de carbono) deveu-se à diminuição do desmatamento para produzir carne.

No caso de criação apenas em pastagem, a “pegada de carbono” flutuou em torno da emissão de 30 quilogramas de dióxido de carbono e equivalentes por quilo de carne produzida (CO2eq/kg carne), sem levar em conta o desmatamento. Isto é, estável.

Quando se considera o desmatamento, a “pegada” diminuiu de 157 kg CO2eq/kg carne para 64 kg CO2eq/kg carne, de 2008 a 2017.

Há diferenças ainda mais brutais quando se pensam nos modos de produção, de manejo, em pasto degradado (PD), pasto estável (PE), pasto bem manejado (PBM), sistema integrado (SI) e confinamento (CO).

No caso dos pastos degradados, em que não há correção do solo nem adubo para a pastagem, a produção mais ineficiente, a pegada de carbono caiu de 1.008 kg CO2eq/kg carne em 2008 para 429 kg CO2eq/kg carne em 2017.

No caso de sistemas integrados (que combina floresta, agricultura e pecuária), é possível mesmo ter “emissão negativa”, fazer um “sumidouro de carbono”, quando a atividade econômica passa a contribuir para purificar o ar. Nos SI, a retirada de carbono ficou em torno de 27 kg CO2eq/kg carne ao longo da década em estudo, sem impacto maior de desmatamento, com é fácil entender.

Pastagens degradadas, pois, implicam prejuízos vários para os produtores e para a sociedade em geral. Aumentam a pegada de carbono e usam solo de modo ineficiente, o que por sua vez induz a abertura de novas áreas para a pastagem e, assim, para mais emissões.

Essa espiral de danos degrada também a imagem da agropecuária e da economia brasileira em geral, com risco de perda de mercados estrangeiros e aumento de custos financeiros. Além do mais, destrói serviços ambientais prestados à agricultura pela mera existência da floresta nativa em pé: abundância e previsibilidade das chuvas. “Isso demonstra a importância da expansão das tecnologias de baixa emissão de carbono para o setor pecuário”, escrevem os autores.

A redução do desmatamento para a atividade pecuária, que acompanhou a tendência geral de diminuição da derrubada da mata no período, teve impacto significativo nas regiões da Amazônia Legal e no Matopiba (Tocantins e partes do Maranhão, Piauí e Bahia). Para todos os anos analisados, a carne proveniente da Amazônia Legal apresentou as maiores “pegadas de carbono”.

O setor agropecuário foi responsável por 25% das emissões de gases de efeito estufa no mundo em 2018. O estudo mostra que as “fontes mais significativas de emissão são aquelas atreladas à fase produtiva da cadeia” (emissões de gases dos animais e o tipo de manejo) e, a depender da região do país, ao desmatamento.

“Juntas, essas fontes representaram mais de 90% das emissões contabilizadas em todos os sistemas produtivos. Portanto, as mesmas devem ser prioritárias para qualquer programa visando a diminuição da ‘pegada de carbono da carne’”, escrevem os autores.

A questão ambiental tem relevância para disputas geopolíticas, interfere na política de compras de grandes empresas, pode levar à criação de barreiras a importação de produtos brasileiros, restringir o crédito a produtores rurais e provocar a rejeição de consumidores.

ESTUDO ESTIMA GASTO DE ÁGUA DOCE NA PRODUÇÃO

Além da medida mais tradicional e consolidada da “pegada de carbono”, o Instituto Escolhas procurou fazer uma primeira aproximação do cálculo do impacto da produção de carne na água —ainda faltam dados suficientemente detalhados.

Foi feita uma estimativa da “pegada hídrica”, que é a quantidade de água doce empregada por algum consumidor, de forma direta ou indireta (embutida em pastagem ou ração, por exemplo).

A “pegada hídrica azul” é o consumo de água superficial e subterrânea; a pegada “verde” é o consumo da água da chuva. A “cinza”, o volume de água doce necessário para diluir a carga de poluentes.

Segundo os autores, “ficou evidente que o tipo de manejo da pecuária de corte mais praticada no Brasil é sustentável” no que diz respeito ao uso da água.

No sistema pastagem, a pegada hídrica azul é de apenas 51 l/kg comparada aos 465 l/kg estimado globalmente nas mesmas condições.

A pecuária menos afeta do que pode ser afetada pelo alto risco de seca em certas regiões, que “tende a ser agravado devido aos impactos das mudanças climáticas”.

Tanto no cálculo da pegada hídrica quanto na de carbono, como no cálculo dos subsídios, o enfoque do estudo patrocinado pelo Instituto Escolhas vai “do berço ao porto”. Isto é, foram pesquisadas as principais atividades relacionadas à produção de insumos (como fertilizantes), transporte entre fazendas, abate e distribuição da carne para consumidores, aqui e no exterior, uso de energia e tratamento de dejetos. Mais importante, foram medidos os efeitos do desmatamento, das técnicas de conservação e melhoramento da terra e outros métodos de “manejo”.

O estudo, coordenado por Sergio Leitão e Shigueo Watanabe Júnior, procurou mapear as diferenças de impacto tanto entre regiões do país (Amazônia, Cerrado, Matopiba, Sul e restante do país) como dos diferentes tipos criação. O período analisado foi de uma década, entre 2008 e 2017.

Em geral, pesquisas desse gênero produzem resultados para áreas muito amplas ou fazem estudos de caso. O trabalho procurou captar diferenças regionais sem se ater demasiadamente em especificidades.

Fonte Imac

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